O Carnaval é uma época ótima, e cada vez mais os blocos de rua tomam espaços das cidades em todo o Brasil, mostrando que a galera quer fazer a festa do seu jeito. Blocos mais tradicionais com suas marchinhas são um clássico que nunca morre, mas também tem gente do rock, do pop e dos mais variados estilos e temas.
Tudo muito bonito e divertido, mas não podemos esquecer que diversas mulheres sofrem assédio e até mesmo são agredidas em festas fechadas e nas ruas. O texto da campanha de Carnaval realizada em Belo Horizonte “Tira a Mão: é Hora de Dar um Basta” traz uma pesquisa realizada no ano passado pela organização internacional ActionAid e os dados não são nem um pouco animadores: 86% das mulheres brasileiras ouvidas afirmam ter sofrido assédio em público em suas cidades. E, mesmo com a campanha ganhando apoio da prefeitura e de vários blocos, tivemos quase de 200 casos de violência contra mulheres nas festas deste ano.
Isso tudo não acontece por acaso. Uma pesquisa feita pelo Instituto Data Popular no ano passado mostra que 59% dos homens abordados acreditam que as mulheres ficam felizes ao ouvirem cantadas nas ruas. Outros 49% acham que bloco de Carnaval não é lugar para uma mulher “correta”, e 61% dizem que mulheres solteiras pulando carnaval não podem reclamar ao receberem cantadas. A real é que muitos homens ainda não sabem a diferença entre paquera e assédio e acreditam ser normal continuar insistindo mesmo após ouvir um “não”.
Então neste ano as manas resolveram cuidar umas das outras no Carnaval! A campanha #MinasDeVermelho surgiu desta necessidade de se unirem em momentos de tensão, assédio ou até mesmo para não ficarem sozinhas. A ideia é simples: quem estivesse participando da campanha deveria amarrar uma fita ou laço vermelho em algum lugar visível do braço, indicando a disponibilidade para ajudar alguém em caso de necessidade.
Resolvi ajudar nesta campanha, falei com a organização dos blocos Espetacular Charanga do França e Pagu e fui lá distribuir fitas vermelhas para as minas nestes dias. O resultado foi lindo e contou até mesmo com a participação das divas Preta-Rara e Vera Holtz!
Mas não é porque o Carnaval acabou que a conscientização sobre o assédio deve parar. Nas ruas, baladas e até no trabalho passamos diariamente por situações que vão do inconveniente à violência física. Portanto, com fita vermelha ou não, vamos continuar nos ajudando. Como diz o texto da campanha #MinasDeVermelho “Somos fortes e valentes, unidas nada nos calará”.
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