Lidar com a menstruação pode ser um desafio para muitas mulheres. Mas e se, além de enfrentar particularidades como a intensidade do fluxo, cólicas e outras questões relacionadas ao período menstrual você tivesse que fazer tudo isso a milhares de quilômetros oceano a dentro?
Pois foi o que fez Lais Escudeiro. Enquanto cursava Oceanografia e Engenharia Ambiental na Universidade, Lais começou a fazer parte de um laboratório de Dissolvidos na Água no Mar e, como parte de um estudo, embarcou em um navio da Marinha Brasileira, para uma incursão de mais de 30 dias, entre as cidades de Niterói (RJ) e Cape Town, na África do Sul.
“Este primeiro embarque foi cercado de muito receio. Não sabia o tamanho da tripulação, se teria que dividir instalações como o banheiro com outras pessoas, não fazia ideia de como seriam as condições sanitárias e, além de tudo isso, falava-se muito também sobre a questão do ‘jogo’, ou balanço do barco. Eu, que sempre tive um fluxo muito intenso e muito duradouro, além de sofrer bastante com cólicas, fiquei um pouco aflita”, confessa.
Escolha equivocada
Como a aflição nem sempre combina com decisões acertadas, Lais acabou optando por algo que sempre contrariou sua forma de lidar com a menstruação e com o próprio corpo.
“Sempre fui muito resistente à utilização de pílulas anticoncepcionais. Não só pelos efeitos causados ao corpo pela utilização de hormônios sintéticos, mas pelo impacto ambiental que eles também causam. Mesmo quando recomendados como uma espécie de ‘tratamento’ para a cólica, sempre fui contrária ao seu uso. Ainda assim, como o medo de comprometer o trabalho já em meu primeiro embarque, decidi utilizar o método e, o pior, de forma contínua. Ou seja: emendando cartelas.”
Com o ciclo interrompido, Lais seguiu sem menstruar durante o período em que permaneceu na embarcação e, mesmo de volta à terra firme, continuou a fazer uso da pílula, já que o teria outro grande embarque programado.
“Foi um dos maiores erros que eu já cometi. O excesso de hormônios me fez muito mal. Além de ganhar muito peso, acabei sofrendo e muito com dores de cabeça. Em consultas médicas, acabei confirmando minhas suspeitas e nunca mais fiz uso de pílulas anticoncepcionais”, revela.
Nos embarques que realizou depois disso, optou pela utilização de absorventes internos, aos quais se adaptou muito bem. Ainda assim, em embarcações ou mesmo em estudos de campo, geralmente realizados na praia, Lais precisava estar sempre municiada com muitos absorventes, lenços umedecidos e papel higiênicos para realizar a troca, guardar e descartar o absorvente assim que possível.
“As meninas de oceanografia costumavam sofrer bastante”, brinca.
Coletor menstrual: uma nova opção
Em 2013, já na reta final da graduação, Lais ouviu falar sobre coletores menstruais pela primeira vez e, logo, quis saber mais a respeito.
“No começo fiquei um pouco insegura. Estava trabalhando na área de Meio Ambiente de uma grande empresa. Era a minha primeira incursão em um ambiente corporativo e, ciente do meu fluxo intenso e acostumada com a utilização do absorvente interno, achava – de forma equivocada – que precisava esvaziar o coletor com a mesma frequência com que trocaria o absorvente. Daí já viu, né? Tinha um pouco de vergonha de esvaziar no vaso e lavar na pia, então, seguia para a cabine com minha garrafinha d’água”, lembra.
Hoje, mesmo lidando de forma mais tranquila com essa questão, Lais reveza o uso do coletor com o de absorvente internos, numa boa.
Quer dizer… Existe uma situação em especial que ela não abre mão do coletor.
“Sou apaixonada por rúgbi. Jogo desde a época da faculdade e posso dizer que o coletor virou um grande aliado durante os jogos. Aliás, não só para mim. Muitas meninas também já não abrem mão de usar o copinho. É uma solução muito boa, confortável e que veio com tudo. Já é parte do time”, conclui.
Essa é a história de Lais Escudeiro. Qual a sua? Conta para mim nos comentários.