ENTREVISTA “PAPO DE COPINHO”: Nos dias de hoje, o Youtube – e a internet, de maneira geral – tornou-se um importante oráculo, né manas? É quase impossível encontrar uma pergunta que fique sem resposta nesta plataforma.
Quando o assunto é o coletor menstrual, por exemplo, o cardápio é imenso. E, graças a pessoas como a Pâmela Freitas, muitas vezes encontramos conteúdo de qualidade acima da média. Com o seu canal “Papo de Copinho”, Pâmela tem contribuído com milhares de mulheres, por meio de vídeos que avaliam diferentes tipos de coletores menstruais, dando dicas e tirando dúvidas sobre o seu uso. E foi justamente para saber mais sobre este trabalho incrível, que conversei com a Pâmela sobre o copinho e outras cositas mais. Se liga:
Violeta – Pâmela, a gente sabe que, por mais que as coisas estejam mudando – graças, principalmente, ao empoderamento feminino –, a menstruação ainda é um tabu para muita gente. Mesmo neste cenário, há três anos você criou um canal que fala exclusivamente sobre coletores. Como nasceu esta ideia?
A ideia do canal surgiu da necessidade de encontrar informações em português sobre os coletores menstruais. Quando comecei a pesquisar o assunto, muito antes de comprar meu primeiro coletor, só haviam canais em inglês e outras línguas. Então pensei: “por que não fazer um canal em português?”
Violeta – Mas o que veio antes: o uso do coletor, ou a criação do canal?
O uso do coletor veio uns 6 meses antes do canal, mais ou menos. Eu estava procurando uma forma confortável pra lidar com meu fluxo, que sempre foi muito intenso e tinha certeza do que queria: uma maneira mais saudável que os absorventes internos que eu usava.
Violeta – Quando você criou o canal, o coletor menstrual não era tão conhecido entre as mulheres quanto agora, não é mesmo?
Sim, com certeza! Nos últimos três anos o coletor menstrual se popularizou com o surgimento do Violeta Cup e de outras marcas nacionais. Hoje em dia, mesmo as mulheres que ainda não usaram o copinho ou não sabem bem como ele funciona, já ouviram falar sobre o assunto. Tenho notado, inclusive, uma curiosidade crescente das pessoas em relação ao tema e um aumento significativo de mulheres que acabam se apaixonando pela ideia.
Violeta – Então, você acha que a ampliação de marcas de coletores no mercado brasileiro, como o Violeta Cup contribuiu pra isso?
Sim! Foi a melhor coisa que aconteceu pra gente aqui no Brasil. A chegada de novas marcas trouxe pra cá uma gama de opções que, antigamente, era restrita ao mercado internacional. Hoje, a gente não precisa sair do país para buscar coletores pra fluxo mais intenso, colo mais baixo, colo muito alto ou coletores com determinado design. Temos acesso a essa diversidade de modelos aqui.
Violeta – E a que você atribui a resistência de algumas mulheres ao uso do coletor?
Basicamente, à falta de informação. A triste realidade é que nós ainda não somos criadas para conhecer nosso corpo. Existe uma grande barreira cultural que resultou na criação de várias gerações de mulheres que, entre outras tantas questões, têm medo de encostar no próprio corpo e, principalmente, no próprio sangue. Consideram a menstruação como algo nojento e anti-higiênico, sentindo repulsa de um processo que é totalmente natural. Sempre que posso, aproveito pra informar que o sangue menstrual não é sujo e que o coletor não é um bicho de sete cabeças. Quando a gente começa a deixar de lado esses tabus, tudo fica muito mais fácil. Sempre recebo mensagens de mulheres relatando que gostariam de tentar o coletor, mas que ainda têm medo de colocar o dedo no canal vaginal. Por muitos anos, eu mesma já tive esse bloqueio.
Violeta: Já vi alguns vídeos seus com o uso do nosso roxinho. Por isso, queria saber como foram as experiências com o Violeta Cup e – cá entre nós – quais são os pontos fortes e fracos do nosso coletor, em sua opinião?
O Violeta Cup foi uma surpresa muito grande para mim. Confesso que eu imaginava uma coisa totalmente diferente e que me surpreendi com a facilidade com que me adaptei ao coletor. O ponto mais positivo, sem dúvida, foi a introdução aqui no Brasil de uma marca focada em pessoas de fluxo intenso. Eu, aliás, como parte deste grupo, fiquei muito feliz em descobrir um coletor nacional com essa característica.
E uma das coisas mais interessantes sobre coletores, é que não existe um ponto negativo universal. Eu, por exemplo, tenho o colo do útero baixo, portanto, uma pessoa que tem o colo alto provavelmente vai ter uma experiência diferente da minha com o mesmo coletor. Isso é maravilhoso, porque significa que existe um coletor ideal para cada tipo de corpo.
Violeta: Você já passou por alguma situação complicada com o coletor?
Várias vezes! Já tive vazamentos por não saber abrir o coletor corretamente, tive dificuldades na primeira troca em banheiro público, já deixei o coletor cair sem querer. Foram tantas situações que até criei a série “Causos de Coletor”, que dá para acompanhar lá no canal.
Violeta – Sabemos que o coletor é o grande protagonista do canal, mas pelo menos para mim, as mãos e a voz nos vídeos sempre despertaram muita curiosidade. As pessoas geralmente pedem para você mostrar o rosto nas postagens?
Sim, algumas pessoas já pediram! Acho engraçado porque o plano sempre foi deixar o foco apenas nos coletores mesmo, sem distrações. E, pra falar a verdade, eu sou muito preguiçosa! Não aparecer nos vídeos me dá a liberdade de gravar em qualquer momento, mesmo de pijama, descabelada, de madrugada. Mas, para quem tinha muita curiosidade, eu já mostrei meu rosto no stories do meu Instagram, que é o @papodecopinho. Quem sabe um dia desses eu posto de novo.
Violeta – Você recebe muitas mensagens das mulheres que seguem o canal?
Sim, todos os dias. Converso com algumas delas, tanto no YouTube quanto no Instagram, dando dicas e tirando dúvidas, sempre que posso. Já teve tudo que é tipo de comentário. Desde gente dizendo que coletor menstrual é um embuste, falando que é impossível um deles caber no canal vaginal, até gente deixando o número do telefone celular pra eu ligar – aliás, não encorajo que ninguém exponha o número do seu celular nas redes sociais, pois pode ser perigoso. Mas o mais legal são as pessoas que compartilham suas experiências nos comentários dos vídeos e me alegra muito vê-las se ajudando ali, respondendo dúvidas umas das outras. Isso dá um senso de comunidade muito grande e enriquece o canal.
Violeta: Além de acompanhar o Papo de Copinho, que dicas você daria a uma mulher interessada em encontrar um coletor para chamar de seu?
Pesquisar muito! É importante nunca pegar informação de uma única fonte. Então, veja opiniões de pessoas diferentes, leia blogs, veja vídeos, frequente os grupos do Facebook e tenha muita calma e paciência.
Gostou da entrevista? Já conhecia a Pâmela e o Papo de Copinho? Conta pra mim aqui nos comentários.