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#ElaFazHistória: Gleyma Lima leva autoestima para a Cracolândia

Em meio ao triste cenário que é a Cracolândia, no centro de São Paulo, uma jornalista encontrou um meio de ajudar as mulheres e trans que viviam ali através da recuperação da autoestima e empoderamento destas pessoas. Para isso, organizou a Semana da Diversidade da Beleza na Cracolândia, evento que oferece tratamentos de beleza e kits com itens essenciais para o dia a dia das mulheres.

Inspirador, não? E foi por isso mesmo que resolvi bater um papo com Gleyma Lima, uma das organizadoras do projeto. Foi uma conversa bem bacana sobre feminismo, política, preconceito e o poder transformador da autoestima. ❤

Você foi à Cracolândia como jornalista para colher depoimentos sobre a situação das mulheres e trans que vivem ali. Quando foi que percebeu que poderia fazer algo para ajudar a vida daquelas pessoas?

Foi algo bem natural. Estava indo lá com uma certa frequência e todas as vezes elas me pediam itens como absorvente, batom, roupas ou brincos mesmo. Até porque o sistema não acolhe este tipo de demanda. Foi quando a assistente social e hoje uma grande amiga, Carmen Lopes, me ligou num sábado e disse que faria um dia da beleza lá para arrecadar alguns itens e aí resolvemos postar. E tudo começou de uma maneira incrível e com um super apoio da sociedade civil.

Muitas pessoas consideram a questão da autoestima algo que não é prioridade. Houve algum tipo de crítica ou resistência ao querer deixar as pessoas mais bonitas e sentindo-se bem consigo mesmas?

As críticas sempre vão existir até porque dentro dos movimentos feministas a beleza como atributo é algo questionável e por parte da sociedade civil o tratamento estético quando a pessoa está em um alto grau de vulnerabilidade idem. Em ambos os casos, as pessoas foram convidadas a fazer parte de um dia na Cracolândia conosco e quem foi teve a oportunidade de enxergar a questão de outra forma. 

Como foi a reação das mulheres e trans à ação de vocês? Algum momento a marcou de forma mais especial?

A devolutiva é sempre muito amor, respeito e carinho por parte de todas as atendidas. Muitas que participaram da primeira edição, nos procuraram para a segunda e terceira.

Nós tivemos momentos muito marcantes e eles são incontáveis. De verdade. Na primeira edição, o telefone da voluntária que estava no setor de maquiagem não parava de tocar e era o marido perguntando que hora ela voltava para casa, porque ele estava sozinho com o bebê. Neste momento, a atendida disse a ela:  “Olha, ele tem que se virar o filho e dele também. Não dá mole não”. E ali todas começaram a bater papo, falar de questões femininas, cor de esmalte, batom e ali virou um salão de beleza mesmo. Tudo isso no meio da Cracolândia. Todo mundo esqueceu o externo e lembrou que quando você é mulher as questões são as mesmas em alguns momentos da vida.

Quais foram ações que ocorreram após a Semana da Diversidade da Beleza? Existem outras edições programadas?

Nós tivemos até o momento três edições, que aconteceram em três lugares (antiga tenda do programa Braços Abertos na Cracolandia, SAEC – Centro de Acolhimento de Pessoas em Situação de Vulnerabilidade e no Hospital Estadual Euclides Jesus Zerbini). Neste período entre novembro até março mais de mil pessoas foram atendidas, entre mulheres, trans, homens e algumas crianças. Foram distribuídos cerca de 1500 kits e tivemos mais de 80 voluntárias participantes no total.

Após as ações, a Carmen coordenou a distribuição de kits para as mulheres e trans em situação de rua pela Cracolândia e adjacentes. O responsável pela SAEC, Leonardo Vieira, distribui kits para as mulheres que iam ou viviam no centro de acolhimento e a coordenadora do hospital, Eliane Almeida, fez a distribuição para as mulheres que ia ser atendidas no hospital.

Em paralelo, ajudamos familiares a encontrar seus parentes que podiam estar ali ou ajudar a atendida a encontrar a família também.

E quem quiser ajudar suas iniciativas, como faz?

Devido ao novo cenário político, o programa está sendo reavaliado para seguir com as atendidas. Em paralelo estamos escrevendo o projeto e sairemos com um blog para contar todas essas histórias ainda este semestre. No segundo, voltaremos com as atividades. 🙂 acompanhe as novidades no meu Facebook enquanto isso: Gleyma Lima.

Agora neste momento quem quiser ajudar estas mulheres podem fazer algo muito simples: monte um kit e deixe na sua bolsa ou carro e quando ver uma mulher em situação de rua vá até ela é entregue.  Será uma linda contribuição e um fortalecimento na causa feminina que ajudará muito quem receber. O kit contém: produtos de higiene, uma bijuteria e um batom. Porém, fique à vontade para fazer com mais coisinhas. O importante é ter itens que são essenciais para uma mulher.

Deixe um recado para as leitoras do nosso blog. ????

Lembrem-se sempre: juntas somos mais fortes. 🙂 

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